Chutando uma bola ou fazendo um amigo, criança quer escola, criança quer abrigo.
Na hora do cansaço ou na hora da preguiça, criança quer abraço, criança quer justiça.
Em qualquer lugar criança quer o quê? criança quer sonhar, criança quer viver.
Agente quer, agente quer, agente quer ser feliz, CRIANÇA É VIDA.
— Toquinho, cantor e compositor

MEU CARTÃO VALENTINE BUBBLE-GUM

Feliz Dia dos Namorados, ouvi a voz da minha irmã dizer em seu quarto. Eu estava profundamente adormecido no meu quarto, mas as palavras dela me despertaram e me deixaram desesperado.

Hoje é Dia dos Namorados? Perguntei-me enquanto tentava levantar. Como isso aconteceu? Como o Dia dos Namorados chegou tão rápido?

Em pânico, comecei a procurar debaixo da minha cama suprimentos de arte para fazer um cartão especial do Dia dos Namorados.

Mas o ônibus escolar me pegaria em uma hora. Como conseguiria fazer algo? Eu só tive tempo de fazer um cartão e eu sabia exatamente para quem era.

Anna estava na minha classe do 4º ano elementar. Ela tinha cabelos loiros, encaracolados e grandes olhos castanhos que sempre pareciam brilhar. No ano passado, dei-lhe um cartão de Valentine comprado numa loja, mas acabou sendo colocado de lado em um monte de outros cartões empilhados em sua mesa.

Eu disse a mim mesmo que este ano seria diferente e faria um cartão que chamasse sua atenção. Isto, é claro, foi antes do Dia dos Namorados se aproximar sem aviso prévio. Agora eu só tinha uma hora para fazer o cartão e me vestir para ir à escola.

Encontrei papel de construção branco o qual dobrei ao meio e o transformei num cartão. Depois cortei um coração numa folha de papel vermelho. Na frente do cartão escrevi "Para Anna" e no coração escrevi "Com todo meu coração".

Enquanto dava uma ajeitada na bagunça em cima da minha mesa, entrei em pânico. Como ia colar o coração vermelho no cartão?  Onde estava minha cola stick? Sumiu! Abri minhas gavetas e joguei tudo no chão e só encontrei clipes de papel, envelopes, elásticos e selos postais, mas nada de cola. Fiquei desesperado!

Minha irmã, Lila, ouvindo a agitação perguntou mascando seu chiclete: O que aconteceu? Por que todo esse rebuliço? Lila tinha o hábito de mastigar chiclete e mamãe vivia dizendo que ia provocar cáries e …, mas isso nunca foi uma razão suficiente para impedí-la de continuar mascando seu chiclete.

Eu preciso de cola, gritei!. Eu tenho que grudar este coração neste cartão dos Namorados e meu ônibus estará aqui em alguns minutos. Me ajuda, por favor!

Lila olhou para o meu cartão, depois para mim e olhou ao redor da sala e, de repente estalou outra bolha de chicle e sorriu para mim. Dá aqui esse cartão, gritou.

Então, tirou um pedaço de chiclete mastigado de sua boca e grudou no cartão. Depois pegou o coração de papel vermelho e pressionou-o contra o pedaço de chiclete que estava no cartão. Pronto, problema resolvido, disse sorrindo.

Espantado, eu gritava: Como pode fazer isso com meu cartão? Eu não posso dar isso a Anna! Tem goma pré-mastigada sobre isso! Que NOOOJOO!

Isso colou, não colou? disse Lila e, com um encolher de ombros, continuou: É melhor você se apressar se não quiser perder seu ônibus!

Não tive tempo para argumentar. Virei rapidamente e corri para a parada de ônibus, segurando Meu cartão Valentine Bubble-Gum na minha mão.

Quando cheguei à minha sala de aula, todas as outras crianças já tinham seus cartões de Valentine's Day. E, assim como no ano passado, uma pilha de cartões estavam lá na mesa de Anna.

Pensei em jogar fora o meu cartão, mas decidi colocá-lo em sua mesa e esperar pelo melhor. Depois, fui até minha mesa e baixei a cabeça nos meus braços dobrados, desejando que o dia acabasse rapidamente.

Poucos minutos depois, senti uma batida no meu ombro. Levantei a cabeça e olhei para os grandes olhos castanhos de Anna.

— Obrigado pelo cartão dos Namorados, disse ela com um sorriso.
— O cartão? Gaguejei!

— Eu recebi muitos cartões este ano, disse ela. Mas o seu é o meu favorito.
— Meu! E perguntei. Por que o meu?

— Seu cartão cheira a chiclete, disse com um sorriso. Como você sabia que eu adoro chiclete?
— Um palpite irado, eu disse com um sorriso.

Fonte:
Texto de Hugo C. Martin
Tradução livre do Blog Criança é Vida

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