Feliz Dia dos Namorados, ouvi a voz da minha
irmã dizer em seu quarto. Eu estava profundamente adormecido no meu quarto, mas
as palavras dela me despertaram e me deixaram desesperado.
Hoje é Dia dos Namorados? Perguntei-me enquanto
tentava levantar. Como isso aconteceu? Como o Dia dos Namorados chegou tão
rápido?
Em pânico, comecei a procurar
debaixo da minha cama suprimentos de arte para fazer um cartão especial do Dia dos Namorados.
Mas o ônibus escolar me
pegaria em uma hora. Como conseguiria fazer algo? Eu só tive tempo de fazer um
cartão e eu sabia exatamente para quem era.
Anna estava na minha classe do 4º ano elementar.
Ela tinha cabelos loiros, encaracolados e grandes olhos castanhos que sempre
pareciam brilhar. No ano passado, dei-lhe um cartão de Valentine comprado numa loja, mas acabou sendo colocado de lado em
um monte de outros cartões empilhados em sua mesa.
Eu disse a mim mesmo
que este ano seria diferente e faria um cartão que chamasse sua atenção. Isto,
é claro, foi antes do Dia dos Namorados
se aproximar sem aviso prévio. Agora eu só tinha uma hora para fazer o cartão e
me vestir para ir à escola.
Encontrei papel de
construção branco o qual dobrei ao meio e o transformei num cartão. Depois
cortei um coração numa folha de papel vermelho. Na frente do cartão escrevi
"Para Anna" e no coração
escrevi "Com todo meu coração".
Enquanto dava uma
ajeitada na bagunça em cima da minha mesa, entrei em pânico. Como ia colar o
coração vermelho no cartão? Onde estava
minha cola stick? Sumiu! Abri minhas gavetas e joguei tudo no chão e só encontrei
clipes de papel, envelopes, elásticos e selos postais, mas nada de cola. Fiquei
desesperado!
Minha irmã, Lila, ouvindo
a agitação perguntou mascando seu chiclete: O que aconteceu? Por que todo esse
rebuliço? Lila tinha o hábito de mastigar chiclete e mamãe vivia dizendo que ia
provocar cáries e …, mas isso nunca foi uma razão suficiente para impedí-la de
continuar mascando seu chiclete.
Eu preciso de cola,
gritei!. Eu tenho que grudar este coração neste cartão dos Namorados e meu ônibus estará aqui em alguns minutos. Me ajuda, por
favor!
Lila olhou para o meu
cartão, depois para mim e olhou ao redor da sala e, de repente estalou outra
bolha de chicle e sorriu para mim. Dá aqui esse cartão, gritou.
Então, tirou um pedaço
de chiclete mastigado de sua boca e grudou no cartão. Depois pegou o coração de
papel vermelho e pressionou-o contra o pedaço de chiclete que estava no cartão.
Pronto, problema resolvido, disse sorrindo.
Espantado, eu gritava:
Como pode fazer isso com meu cartão? Eu não posso dar isso a Anna! Tem goma pré-mastigada sobre
isso! Que NOOOJOO!
Isso colou, não colou?
disse Lila e, com um encolher de ombros, continuou: É melhor você se apressar
se não quiser perder seu ônibus!
Não tive tempo para
argumentar. Virei rapidamente e corri para a parada de ônibus, segurando Meu cartão Valentine Bubble-Gum na minha
mão.
Quando cheguei à minha
sala de aula, todas as outras crianças já tinham seus cartões de Valentine's
Day. E, assim como no ano passado, uma pilha de cartões estavam lá na mesa de
Anna.
Pensei em jogar fora o
meu cartão, mas decidi colocá-lo em sua mesa e esperar pelo melhor. Depois, fui
até minha mesa e baixei a cabeça nos meus braços dobrados, desejando que o dia
acabasse rapidamente.
Poucos minutos depois,
senti uma batida no meu ombro. Levantei a cabeça e olhei para os grandes olhos
castanhos de Anna.
— Obrigado pelo cartão
dos Namorados, disse ela com um sorriso.
— O cartão? Gaguejei!
— Eu recebi muitos
cartões este ano, disse ela. Mas o seu é o meu favorito.
— Meu! E perguntei.
Por que o meu?
— Seu cartão cheira a
chiclete, disse com um sorriso. Como você sabia que eu adoro chiclete?
— Um palpite irado,
eu disse com um sorriso.
Fonte:
Texto de Hugo C.
Martin
Tradução livre do Blog
Criança é Vida
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